O empresário Rubens Ometto, 74 anos, presidente do Conselho da Cosan (conglomerado brasileiro com negócios nas áreas de açúcar, álcool, energia, lubrificantes e logística), fez uma duríssima crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante evento neste fim de semana. Afirmou que o Palácio do Planalto e toda a equipe petista adotam uma estratégia que “desrespeita” o espírito das leis aprovadas pelo Congresso.
Declarou também que o sistema de controle de gastos conhecido como arcabouço fiscal leva a equipe econômica a “aumentar furiosamente a receita” para gastar mais. “Do jeito que está, com o governo querendo meter a mão, querendo taxar tudo”, declarou, “não dá”.
Ao participar do Fórum Anual do Grupo Esfera, realizado no sábado (08/06), no Guarujá (cidade litorânea do Estado de São Paulo), Ometto reclamou que o governo deseja sempre arrecadar mais ferindo o espírito das leis. Segundo ele, o governo Lula acaba criando uma reação em cadeia ruim na sociedade.
“O exemplo tem de vir de cima, e quando o exemplo é ruim, contamina a organização toda”, disse o empresário, um dos mais ricos do país. E perguntou: “Como a gente vai melhorar o nosso país se a autoridade máxima faz tudo para não obedecer às leis?”.
Ometto é um aliado do governo Lula. É integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, conhecido como Conselhão. Foi também o maior doador para campanhas nas eleições de 2022, segundo dados do TSE.
Ao dizer que o governo Lula vai contra o que determinam as leis, Ometto citou alterações de regras recentes que afetam as empresas: “Aconteceu com a mudança na regra do Carf, com a mudança do crédito presumido dos créditos do PIS/Cofins nesta semana e com a desoneração da folha [de pagamentos]. Eles nunca estão preocupados em interpretar a ideia do legislador. Eles estão preocupados em morder, morder e estão fazendo isso”.
A medida provisória 1.227, chamada MP da compensação, foi baixada em 4 de junho de 2024 e deve render uma arrecadação extra de R$ 29,2 bilhões por ano para o governo. Especialistas já apontaram trechos inconstitucionais no texto. Vários setores da economia soltaram notas citando os efeitos que consideram negativos da decisão baixada por Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Para o empresário, há uma incompreensão do governo sobre a pouca eficácia de aumentar impostos. “Temos de bater nessa tecla: o dinheiro na mão da iniciativa privada rende muito mais para o país do que na mão do governo. Quando eles fazem esse aumento de arrecadação eles estão tirando o dinheiro de quem trabalha com eficiência, de quem gera emprego, de quem produz, e passando para o Poder Executivo, que não tem essa habilidade”.
Na avaliação de Ometto, o cenário atual também prejudica o país por causa de uma relação imprópria entre os Três Poderes da República:
“E aí temos um problema ainda maior, que é essa disputa por espaço entre os Três Poderes. O Executivo faz ‘embargos auriculares’ no Poder Judiciário [influi os juízes nos bastidores] falando: ‘Olha, se não decidir assim, o país está quebrado’. E o Judiciário às vezes se deixa influenciar por isso e começa a autuar em cima as empresas. Daí, o Judiciário invade a área do Legislativo, que reage contra os 2 [Executivo e Judiciário]. Fica um se metendo na área do outro”.
As informações são do Site Poder 360