O manto Tupinambá voltou ao Brasil. O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confirmou a chegada da peça nesta quinta-feira (11 jul 2024), após ter passado mais de 300 anos no Museu Nacional da Dinamarca.
Peça sagrada pelo uso em rituais religiosos e outras cerimônias indígenas no Brasil, o manto foi levado no período colonial, durante a ocupação holandesa no século 17. O objeto representa uma parte da cultura material e das tradições artesanais do povo Tupinambá.
O Museu planeja voltar a expor o manto nas próximas semanas, após a adoção de todos os procedimentos necessários para a “perfeita conservação dessa peça tão importante, e sagrada para nossos povos originários”, afirma em nota.
Em junho do ano passado, após negociações entre a embaixada brasileira em Copenhague, o Museu Nacional do Rio de Janeiro e o Museu Nacional da Dinamarca, o museu dinamarquês confirmou a doação da peça.
A devolução do manto ao Brasil envolveu esforços entre Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e Ministério dos Povos Indígenas.
A repatriação do artefato tupinambá foi vista como uma iniciativa a ser seguida por outros países, segundo o Museu Nacional.
O processo de repatriação do manto jogou luz na discussão sobre as inúmeras relíquias etnológicas— muitas vezes indígenas — que foram levadas para o exterior e seguem fora do Brasil, expostas em museus ou integrando coleções de arte privadas.
Especialistas na área defendem que a repatriação não acontece sem que um conjunto de outras ações a acompanhem. A proposta é manter vivo o legado imaterial dos povos que produziram os artefatos, usando as peças como ponto de partida para o desenvolvimento de políticas públicas.
Agência Brasil