O escritor, professor e ex-deputado pelo PT, Emiliano José, lançou seu mais novo livro, “Zanetti: o Guardião do Óleo da Lamparina”. Da editora Kotter e com quase 500 páginas, a obra tem como protagonista José Carlos Zanetti, um revolucionário do Paraná que se mudou para a Bahia, onde foi preso e torturado na ditadura militar.
Mas mesmo com toda sua angústia e o medo dos tempos sombrios do regime, o paranaense nunca perdeu a esperança e nem os seus sonhos. Na obra, o leitor vai poder conhecer a trajetória desse revolucionário que viajou o Brasil, passou fome quando foi perseguido político e que se envolveu intensamente na luta pelos direitos humanos, assim também como encontrará relatos de todas as mazelas e o terror da ditadura, como as prisões dos discordantes do regime, as torturas, ou seja, a história do Brasil, a história de uma luta para derrubar a ditadura.
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“O guardião do Óleo da Lamparina”, escolhido como parte do título do livro, é uma metáfora que Emiliano extraiu do teólogo, escritor, filósofo e professor Leonardo Boff, para descrever a perseverança e a defesa de um Brasil melhor pelo qual Zanetti jamais desistiu de lutar.
“Leonardo Boff diz que a lamparina acesa, que se mantém acesa pelo óleo, ela é que alimenta os sonhos. Se o óleo acaba, a lamparina deixa de existir fogo para alimentar os sonhos, então os sonhos acabam. Então, por isso, que disse que o Zanetti era o guardião do óleo da lamparina no sentido de ser um difusor, um alimentador de sonhos”, explica Emiliano.
ANOS DE CHUMBO
Amigo do paranaense, o autor do livro afirma que Zanetti era um personagem riquíssimo e merecia ter sua história contada. “Um personagem muito rico para evidenciar um tempo que era sombrio e, ao mesmo tempo, de muita esperança, que foi o tempo da época da ditadura, os 21 anos de ditadura”.
Na nova obra, Emiliano fez questão de contar a história de Zanetti desde a infância e a juventude no Paraná, na época, um jovem conservador, que vai mudando, ganhando destaque como uma das lideranças dos movimentos estudantis universitários do estado e que entra na organização revolucionária Ação Popular (AP).
“Torna-se, assim, muito cedo, um dirigente da organização e um militante clandestino com a missão de educar os também militantes das camadas médias ao levá-los a se integrar no meio dos trabalhadores das cidades ou do campo”.
BAHIA
Dali, conta o escritor, Zanetti percorre parte do Paraná, de Santa Catarina e em 1970, assim como Emiliano, desembarca na Bahia. Emiliano foi preso em 23 de novembro de 1970 e Zanetti, em 5 de maio de 1971, juntamente com a direção regional da AP.
“O que quero dizer que não é a história dele, é a dele, mas toda a trajetória dos dirigentes que caíram, no caso, Antônio Rabelo, Renato Godinho Navarro e Tibério Canudo de Queiroz Portela. Todos eles dirigentes do comando regional da AP, que são presos e violentamente torturados. Cada um deles tem sua história e trajetória contempladas pelo livro, sempre com o personagem central que é o Zanetti. E o leitor encontrará o retrato de um período sombrio”.
Por Kleyzer Guedes – Foto: Divulgação